Desanimado com a brava seca do sertão,
Deixei o meu roçado e a Mariazinha,
Parti para a capitá de San Palo
Em busca de uma mió sorte.
Lá trabaiei, ganhei dinheiro,
Mas um dia eu resolvi vortar
A saudade era grande,
Eu vivia a chorar.
Queria vê minha famia
E a Mariazinha abraçar.
Mas, quando, seu moço,
No meu ranchinho cheguei,
Vi, lá perto do paió
A Mariazinha deitada,
Agarradinha com outro
No maior xodó.
Perdi o rumo da vida!
A Mariazinha tinha me traído,
Fiquei louco, desesperado,
Valente e atrevido.
Gritei com voz forte:
Mariazinha, eu vortei!
Eu sou seu marido
E vancê é minha muié,
Juramos no pé do artar
Com muito amor e muita fé.
Mas a Mariazinha, seu moço,
Nem sequer pra eu oiava,
Faceira e sorridente
O cabra ela beijava.
Senti naquela hora o cheiro da morte!
Da cintura puxei o meu facão,
Chorando matei os dois,
Com sangue eu cortei o laço da traição.
Mas minha dor cresceu, seu moço
E atravessou o meu coração,
Quando vi a Mariazinha morta
Nos braços do meu irmão.
Fragmento do livro As Dores da Seca
De Terezinha Teixeira Santos
1ª imagem: Capa do livro
2ª imagem: Google