terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Vida Imposta

 

Mulher rapariga,
Mulher de vida livre,
Mulher prostituta, 
Mulher da rua de baixo,
Mulher que nasceu para ser puta.

Mulher meretriz, 
Mãe de filho sem pai,
Mulher dama,
Mulher amigada,
Mulher que vendia seu corpo,
Ou dava em troca de nada.

Mulher índia,
Mulher escrava, 
Mulher branca, 
Todas foram exploradas.

Mulher rica em ternura,
Discriminada pelo mundo,
Que te fez assim.
Mancharam tua vida,
Mas tua alma é pura,
Ganhaste com garra,
Teu espaço antes negado,
Por uma sociedade
Injusta e impura.
Guanambi - BA, fevereiro de 2003.

By Terezinha Teixeira Santos
In Elogios à Vida, p. 46
Imagens: Google

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Trova

 
Eu via o meu pai sempre sentado,
No seu quarto, no mesmo cantinho;
Uma mesa e um papel pautado,
A escrever versos com carinho


Grinalda

No claro silêncio no seu quarto,
Quieto, inaudível e voando
Para o seu pensamento farto,
Eu via o meu pai sempre sentado.

Eu via o meu pai sempre sentado,

Atento, tranquilo e sozinho;
Era um poeta fascinado
No seu quarto, no mesmo cantinho.

No seu quarto, no mesmo cantinho,

Estava o meu pai sempre sentado
Numa cadeira e bem juntinho
Uma mesa e um papel pautado.

Uma mesa e um papel pautado,

Pena e tinteiro ali pertinho,
Mãos calmas e dedos achatados
A escrever versos com carinho.
Guanambi - BA, janeiro de 2000

By Terezinha Teixeira Santos
In Elogios à Vida, p.81
Imagens: Google